Autor, data, obra: Ondjaki (2007) Os da minha rua Conto: OS ÓCULOS DA CHARLITA Todas as filhas do senhor Tuarles viam muito mal. Durante o dia, como havia luz do sol, não se notava tanto, mas a partir das cinco e meia da tarde todas elas recusavam jogar...
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Autor, data, obra: Ondjaki (2007) Os da minha rua Conto: OS ÓCULOS DA CHARLITA Todas as filhas do senhor Tuarles viam muito mal. Durante o dia, como havia luz do sol, não se notava tanto, mas a partir das cinco e meia da tarde todas elas recusavam jogar “escondidas” porque tinham medo de não encontrar nenhum dos escondidos. Perto das cinco era hora do lanche. A avó Agnette — ou a tia Maria — vinha até à varanda e gritava o nome de um de nós. Alguém berrava “abuçoitos” e o jogo sofria esse intervalo de irmos beber chá aguado ou comer meia banana com pão. As filhas do senhor Tuarles não lanchavam. Ficavam no muro da casa delas à espera. Se demorássemos muito já não queriam continuar nenhum jogo. A Charlita era a única que tinha uns óculos muito grossos, muito amarelos e muito feios. Elas eram cinco — as filhas do senhor Tuarles. A Charlita além de ser a dona dos óculos era também a única que já tinha ido a Portugal com o próprio senhor Tuarles, numa deslocação que tinha dado muito que fa
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