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lguns escritores são tão organizados que, depois de mortos, seus fantasmas parecem zelar
por suas obras.
Um exemplo é o de Carlos DrummonddeAndrade(1902-1987)que,poucoantesdemorrer, deixou arrumados dentro de uma pasta de cartolina azul-clara os...
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lguns escritores são tão organizados que, depois de mortos, seus fantasmas parecem zelar
por suas obras.
Um exemplo é o de Carlos DrummonddeAndrade(1902-1987)que,poucoantesdemorrer, deixou arrumados dentro de uma pasta de cartolina azul-clara os manuscritos que integrariam Farewell,
livro publicado nove anos mais tarde com uma espécie
de beneplácito póstumo do autor.
Na maioria das vezes,
no entanto, o que ocorre é o contrário.
Como se pagassem o preço de produzir muito, alguns escritores parecem condenados à danação de terem seus escritos dispersos (e pouco organizados) escavados pela eternidade.
A este grupo pertence o argentino Julio Cortázar
(1914-1984).
O autor de O Jogo da Amarelinha deixou
uma série de folhas de tamanhos e cores diferentes
guardados por sua primeira mulher, Aurora Bernárdez,
dentro de “uma gaveta barriguda” — na expressão de
Carles Alvarez Garriga, um editor espanhol aficionado
por Cortázar que decidiu publicar o material.
Os manuscritos encontrados na re
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